C/2019 Y4 ATLAS
Elementos orbitais
C/2019 Y4 ATLAS
C/1844 Y1 (Grande Cometa)
Época
Periélio

Distância do periélio (q)

Excentricidade        (e)

Longitude do periélio (w)

Longitude do Nodo Asc (W)

Inclinação            (i)
MPEC 2020-F67
2020 mai 31,0144
0,
252831 ua
0,
9992432
177,4101°
120,5697°
 45,3814°
1844-12-20,0
1844 dez 14,1913
0,250537 ua
0,999302
177,5055°
120,5910°
 45,5651°
Atualizado em 19 abr 2020

Segundo o Minor Planet Center (MPC-IAU), esse objeto foi relatado por L. Denneau (em nome do observatório ATLAS) em 28 de dezembro de 2019 com uma possível aparência cometária. Observações feitas em 31 de dezembro por Lucas Buzzi (Observatório Schiaparelli) evidenciaram uma coma alongada de 10 segundos de arco. Os elementos orbitais desse objeto são muito similares aos do Grande Cometa de 1844 (C/1844 Y1 = 1844 III). Ronaldo Mourão informa aquele cometa de 1844 foi "descoberto pelo Capitão Wilmot, em Greenpoint, próximo à Cidade do Cabo, em 19 de dezembro de 1844, quando estava situado próximo ao horizonte, na constelação de Sagittarius, com uma cauda de 3 a 4 graus de comprimento... Foi observado na mesma semana na Austrália, na Nova Zelândia, na Índia, no Ceilão e no Brasil em janeiro de 1845". O portal SpaceWeather.com publicou em 23 de fevereiro de 2020 que esse Grande Cometa de 1844 teria sido observado em plena luz do dia e indicou um link para o artigo de G. P Bond no Astronomical Journal em 1850. Provavelmente o Spaceweather se equivocou com o Grande Cometa de Março de 1843. Segundo o próprio artigo de G. P. Bond, o cometa de 1844 "during the latter part of December and the first week in January, it was a brilliant object in the southern hemisphere, equaling, it is said, in brightness the celebrated comet of HALLEY at its last appearence" [grifo acrescentado]. Ora, os registros indicam que o Cometa 1P/Halley atingiu um brilho máximo de 1ª magnitude na aparição de 1835 e tal valor de brilho total da coma não é suficiente para ser visível a olho nu em plena luz do dia. Ronaldo Mourão informou em seu artigo no Jornal do Brasil, 18 de março de 1986, que o Cometa Wilmot (1844 III) atingiu um brilho de magnitude zero e foi ao menos visível à luz da Lua Cheia.

Significa isso que o Cometa C/2019 Y4 ATLAS será tão brilhante a ponto de ser visível a olho nu? É preciso ter cautela. Uma previsão conservadora feita em meados de março sugeria que o máximo brilho pudesse alcançar magnitudes entre 0 e –1 na época do periélio. Até então os parâmetros sugerem que a órbita dele é muito similar à do Cometa de 1844. Essa similaridade não é garantia de que venha a atingir uma magnitude suficiente para ser detectado a olho nu. Porém, o observador deve estar sempre atento quanto a essa possibilidade.

Em meados de março de 2020 diversos observadores do hemisfério norte estimaram o brilho total da coma entre a 8ª e 9ª magnitude. Porém, ressalta-se que o valor médio do diâmetro da coma foi avaliado em torno de 10 minutos de arco e sua condensação entre 1 e 3 (lembrando que o valor zero é para uma coma homogeneamente nebulosa). Também se deve levar em conta o brilho superficial da coma
.
Além disso, no início de abril os astrônomos Quanzhi Ye (Universidade de Maryland) e Qicheng Zhang (Caltech) obteram imagens do cometa nos dias 2 e 5 indicando uma possível desintegração do núcleo desse cometa (ATEL #13620). Imagens posteriores identificaram alguns fragmentos.
Durante a primeira semana de abril os observadores visuais realizaram várias estimativas de brilho indicando que não houve incremento do brilho total da coma, mantendo-se na 8ª magnitude. Já durante a segunda quinzena de abril houve uma diminuição no brilho do cometa.

Em abril de 2020 o cometa era visível brevemente ao anoitecer nas localidades do extremo norte das regiões Norte e Nordeste do Brasil. O brilho do cometa passaria da 7ª para a 4ª magnitude enquanto atravessa a constelação da Girafa, num cenário teórico sem fragmentação. Na primeira semana de maio ele ainda pode ser visível em circunstâncias parecidas ao mês de abril, porém ainda para os observadores do extremo norte brasileiro. Esperava-se que no início de maio seu brilho viesse a atingir a 3ª magnitude. Podemos afirmar que, em termos práticos, ao longo do mês de maio o cometa é visível favoravelmente no hemisfério norte ao anoitecer enquanto se desloca rapidamente da constelação da Girafa para Perseu.
Em 23 de maio ele passa mais próximo da Terra, cerca de 117 milhões de km (0,78 ua). Nesse dia seu brilho pode atingir magnitude 0 (zero), apesar de se situar cerca de 17 graus ao norte do Sol. A princípio, nas demais regiões do Brasil, sua visibilidade se restringe a breves momentos antes de o Sol nascer, durante a última semana do mês de maio e primeira semana de junho. Em 29 de maio o astro se situa 2 graus à oeste das Plêiades e quando se previa que seu brilho alcançasse magnitude –1. Esse valor de brilho não implica de um cometa ser automaticamente visível a olho nu, pois ele alcançaria tal magnitude quando estivesse numa elongação de apenas 15 graus do Sol. Quando a coma realmente atinge tais valores de brilho, um binóculo com aumento de 7 ou 10 vezes é útil para visualizá-lo nas luzes do crepúsculo matutino. Por outro lado, caso o cometa exiba uma cauda de poeira, seria possível que ela tivesse um brilho suficiente para ser discernível em céus escuros e com o horizonte nordeste e leste livre de obstáculos – similar ao Cometa de 1844.
Como informado na tabela acima, o periélio do cometa ocorre no dia 31 de maio quando ele se situa a 0,25 ua do Sol (~37 milhões de km), mais próximo do Sol do que o planeta Mercúrio.

No cenário anterior, sem a fragmentação do núcleo, prevíamos que na primeira zemana de junho o cometa seria visível brevemente antes de o Sol nascer situado na parte ocidental da constelação de Touro. Sua trajetória faz com que permaneça muito baixo no horizonte leste ainda durante o crepúsculo náutico, de modo que é imprescindível ter o horizonte leste completamente livre de obstáculos para observá-lo.
No dia 5 de junho seu brilho deveria ser em torno de magnitude 0 (zero) e uma semana depois o brilho diminuiria para a 2ª magnitude.
Em 14 de junho o cometa ingressa na parte ocidental da constelação de Órion. No final de junho estará cerca de 5 graus ao norte das Três Marias, mas seu brilho diminuiria para a 5ª magnitude. O astro permanece na constelação de Órion até meados de julho.

Fontes consultadas:
Introdução aos Cometas (1985), de Ronaldo Rogério de Freitas Mourão
Banco de Dados de Órbitas e Observações do MPC
Website de Seiichi Yoshida

Órbita: o diagrama abaixo mostra a órbita e as posições do cometa e da Terra na data do periélio. (©2002 JCRuig - soft Orbitas)

    As informações desta página, salvo outra indicação, são ©2020 Costeira1 (Cometas/REA e Cometas/UBA)

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